QUER INSCREVER O SEU FILHO NAS ARTES MARCIAIS? O QUE PRECISA DE SABER
Para uma prática de artes marciais com sentido
TUDO TEM QUE TER UM OBJECTIVO
Antes de dirigir-se a uma escola de artes marciais ( que esperamos ser a nossa https://coimbrado.com ;) ), deve pensar bem no motivo.
Pretende apenas que o seu filho faça exercício físico? Talvez ganhe alguma disciplina? Que crie hábitos desportivos? Foi ele que lhe pediu (porquê) ? É vítima de bullying e quer que ele aprenda a defender-se?…
Essa indicação de motivação é essencial para que o instrutor possa ajudar a criança a atingir objectivos que para si são relevantes.
NEM TODAS AS ESCOLAS SÃO INDICADAS
A prática de artes marciais pode ser dividida de maneira geral em 3 finalidades de treino:
- treino de defesa pessoal;
- treino de competição (desporto);
e
- prática tradicional
Algumas escola porém podem treinar apenas para uma dessas finalidade e portanto, a título de exemplo, se inscrever o(a) seu(sua) filho(a) numa escola de Karate onde só praticam a componente tradicional, mas pretende que ele aprenda a defender-se de situações de Bullying, o resultado não irá ser o que procura.
Fale com o instrutor, observe, se possível, diferentes treinos em diferentes semanas para constatar que há uma variedade de conteúdos ensinados, e que pelo menos alguns abordam as vossas necessidades. A escolha correcta vai depender mais do instrutor que da arte marcial em si.
OS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO E OS SEUS FILHOS SÃO UMA ÚNICA ENTIDADE NO QUE DIZ RESPEITO A INTENÇÃO
A criança não treina sem os pais autorizarem, e mesmo que seja a vontade dos pais, a criança não treina se não quiser.
Frequentemente observo uma estranha dessincronização entre pais e filhos. Uma batalha de vontades que sempre resulta numa desistência das artes marciais.
Antes de pisar o Tatame, é função dos pais assumirem a sua responsabilidade de suportar a decisão dos seus filhos em praticar artes marciais. E deve ser bem explicado aos seus filhos, o privilégio que é eles terem acesso à prática da modalidade, e que é por isso a sua responsabilidade dedicarem-se em cada treino - são crianças, o conceito de responsabilidade deve ser ensinado e reforçado desde muito cedo em casa.
NENHUM TREINADOR VAI EM 2 HORAS POR SEMANA CONSEGUIR CORRIGIR UM PROBLEMA DE INDISCIPLINA GRAVE CRIADO NAS RESTANTES 166 HORAS DA SEMANA PASSADAS EM CASA OU NA ESCOLA
Se a criança demonstra com frequência, desinteresse e falta de regras. Esse problema deve começar por ser corrigido em casa ou na escola onde a criança passa a maior parte do seu tempo.
2 horas numa sala de artes marciais serve para potenciar algo que já existe de bom, não inverter situações negativas. Isto é, se a criança tiver regras e alguma disciplina que vem de casa e da escola, essas 2 horas nas artes marciais vão ajudar a melhorar essas qualidades significativamente. Mas se a criança não respeitar uma sala de aulas, não lhe será permitido o treino de artes marciais com toda a certeza do mundo - nenhum instrutor de artes marciais digno desse título ensina crianças sem regras a lutar.
E de referir, no que diz respeito à possibilidade de continuidade nas aulas de artes marciais, que a mesma depende do cumprimento de promessas pelas crianças de respeitar todos com quem se cruzam, dentro e fora do Tatame. Alunos que participam em situações de Bullying contra colegas por exemplo, serão normalmente imediatamente impedidos de participar nas aulas. Digo sempre aos meus alunos antes de ensinar-lhes técnicas de defesa pessoal: - “no dia em que me chegar aos ouvidos que fizeram mal a um colega da escola porque foram vocês que iniciaram um conflito em brincadeiras de mau gosto - no dia seguinte já não aprendem mais nada comigo” .
Nesse sentido, é necessários aos encarregados de educação estarem vigilantes para o que se passa na vida escolar dos seus filhos e informar o instrutor sempre que o eles não cumpram com o prometido nas aulas.
ARTES MARCIAIS NÃO SÃO UMA ATL
Muitos pais tratam incorrectamente as artes marciais como uma ATL. Inscrevem as crianças num ano em que os horários são propícios, já com intenção de as tirar no ano seguinte em troca de outra qualquer actividade - isto é um erro grave no grande plano educativo dos seus filhos, pois faz com que todo o tempo dedicado não sirva para absolutamente nada.
É particularmente mau para as crianças pois nunca aprendem a dedicar-se em nada em concreto e portanto não aprendem nada de útil a longo prazo. E é uma situação ingrata também para o professor, que acaba sem saber por dedicar bastante tempo de ensino sem finalidade. Tempo esse que de outra forma poderia ser dedicado a quem o iria aproveitar.
MENOS PODE SER MAIS
Nos dias que correm é frequente ver crianças sobrecarregadas durante e depois das horas da escola com todo o tipo de atividades: - trabalhos para casa, natação, o taekwondo, as aulas de música, etc - tão novas e já com uma agenda mais sobrecarregada que a do presidente dos EUA… Fazem apenas uma aula de cada e no fim… ficam cansadas, sem saber nadar bem, sem saberem defender-se bem, e causam com o seu violino algumas das piores dores de cabeça que os seus vizinhos vão ter na sua vida.
Menos é mais, pois para aprender verdadeiramente é preciso foco, e mais vale algo bem aprendido que mil coisas que mal se ficou a conhecer.
Além de que as crianças precisam ainda de tempo livre para elas - no seu verdadeiro sentido - e muito. É nesses momentos livres de tudo e todos que vão explorar em brincadeiras alguns dos interesses que vão moldar o resto das suas vidas.
Por isso tudo, uma atividade depois das aulas chega - pois se chegar à aula de artes marciais já cansada, também dificilmente irá conseguir aprender.
O SUPOSTO TALENTO NÃO INTERESSA PARA NADA
Frequentemente os pais acham que o próprio filho não tem talento para artes marciais. Na minha experiência de ensino de 13 anos posso reportar várias observações sobre este assunto:
- Das mais de 100 crianças que já treinei, NENHUMA era sobredotada - mesmo que alguns pais acreditassem que sim;
- O talento é uma ilusão. A facilidade inicial de algumas crianças em aprender é sempre consequência de brincadeiras que faziam antes de iniciarem a prática da arte marcial, incluíndo outros desportos que praticaram, e dos quais resultou uma transferência de competências. Apenas isso, nenhuma criança nasce ou deixa de nascer para as artes marciais.
- Algumas crianças (muito poucas) podem precisar efectivamente de algum apoio especializado por terem dificuldades de aprendizagem - e aqui o instrutor pode ajudar a identificar e solicitar ajuda de especialistas - mas nunca vi uma criança que não pudesse aprender artes marciais.
- As dificuldades de coordenação por exemplo, muitas vezes são consequência do crescimento acelerado da criança, que é natural em alguns anos e causa descoordenação motora temporária - sendo que mais tarde, quando o crescimento abranda, faz com que crie a ilusão que houve um progresso rápido nesse momento - quando na verdade é só tornar visível os resultados dos últimos anos de trabalho.
- As crianças não têm que seguir um padrão de desenvolvimento; Umas vão parecer aprender mais lento em dado momento, apenas para dar um salto impressionante mais tarde e após persistência dela, do instrutor e de apenas paciência e apoio dos seus pais.
- É com frequência que observei que aqueles praticantes que mais longe foram nas artes marciais, eram inicialmente os mais descoordenados ou “trapalhões” - e que por isso, alguns pais podiam até achá-los pouco talentosos. De facto, o único factor relevante e constante para alguém se tornar bom em artes marciais é persistência. Por vezes, as dificuldades que algumas crianças sentem são até valiosas aliadas que as obrigam a esforçar-se em níveis superiores aos dos seus colegas para conseguirem o mesmo - o que com o tempo resulta na aquisição de um dos mais valiosos hábitos - perseverança.
PARA CONCLUIR E PARA QUE O PERCURSO DO SEU FILHO(A) SEJA BEM SUCEDIDO
Todo o encarregado de educação que vai inscrever o seu filho(a) nas artes marciais, deve entender o seguinte:
- Tem que haver vontade dos Pais E dos Filhos;
- É um projecto que requer anos de dedicação - não é de modas, de jeitos nos horários, ou para posts de instagram;
- Estar inscrito não é o mesmo que praticar - se a criança falha 2 dos 3 treinos da semana com regularidade, mesmo que esteja inscrita, ela não pratica artes marciais - aprender requer assiduidade;
- O caminho para excelência em algo é lento, difícil, e nem sempre vai ser divertido - as artes marciais não são excepção;
- Se a participação nas aulas de artes marciais for séria, o seu/sua filho(a) vai criar bons hábitos de disciplina, resiliência, trabalho, e empatia. Se não for sério, vai sair como entrou, com pouco ou nada ter aprendido.
Por: Telmo Amaro
( instructor de Taekwondo e Defesa Pessoal em https://coimbrado.com )
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